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Qual o tamanho do mercado automotivo?

O setor automotivo movimenta centenas de bilhões de dólares em todo o mundo, seja através do investimento contínuo de altos valores para a execução das atividades ou mesmo através da venda dos seus produtos finais que possuem alto valor agregado.

E para o mercado consumidor, o automóvel se tornou um meio de transporte essencial, sendo em alguns casos, um sonho de consumo para muitos.

Segundo o ministério da indústria, comércio exterior e serviços do Brasil, o setor automotivo representa 22% do PIB industrial (sendo 4% do PIB total).

A produção mundial de veículos em 2016 foi de 72,1 milhões de unidades, dos quais 1,77 milhões foram produzidos no Brasil, o que o classifica como 10o maior produtor mundial de veículos, atrás da China, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Índia, Coréia do Sul, México, Espanha e Canadá. No que tange ao tamanho do mercado, em igual ano o Brasil comercializou 2,05 milhões de veículos, atrás da China (28 milhões), Estados Unidos (17,8 milhões), Japão (4,9 milhões), Alemanha (3,7 milhões), Índia (3,6 milhões), Reino Unido (3,1 milhões) e França (2,4 milhões), apresentando-se como o 8° maior mercado. (MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS, 2017, site, setor automotivo)

Ainda segundo o ministério, até 2017, a indústria automobilística brasileira possuía:

  • 31 fabricantes de veículos e máquinas (agrícolas e rodoviárias);
  • 590 fabricantes de autopeças;
  • 5592 concessionárias, sendo 67 unidades industriais em 11 estados, cobrindo 54 municípios, com capacidade produtiva de 5,05 milhóes de unidades de veículos.

O faturamento incluindo autopeças em 2015 foi de 59,1 bilhões de dólares com investimentos no período de 1994 até 2012 de 68 bilhões, gerando mais de 1,3 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo o 100 maior produtor do mundo, segundo dados de 2016.

É neste contexto que nasce a IATF 16.949…

Em uma indústria, para produzir os automóveis em escala, muitos fatores que estão envolvidos nos processos precisam ser minuciosamente controlados.

Garantir a padronização dos produtos e serviços não é nenhum tipo de luxo, mas sim obrigação.

Nesse setor, pequenos erros podem ter causas muito severas que vão desde aumentar exponencialmente custos na produção, até mesmo colocar a vida de várias pessoas em risco.

Historicamente, movimentos pontuais mundialmente reconhecidos, do início do século passado, como o Fordismo e o Toyotismo apontam para necessidades de melhorias de produtividade em seu tempo.

Desde o final da década de 80, com o surgimento da norma QS-9000 nos estados unidos, e outras normas pela Europa e Asia, é possível identificar uma latente necessidade de uma harmonia entre os requisitos de qualidade no setor automotivo.

E finalmente em 1999…

A International Organization for Standardization (ISO), em conjunto com a International Automotive Task Force (IATF) fazem lançamento da ISO/TS 16.949 e sua segunda edição de 2002, onde finalmente unificou-se requisitos para a padronização dos processos em todo o mundo.

Conforme a distribuição dos serviços e fabricação, desde o recebimento das matérias primas mais elementares até a montagem final dos carros, a prática comum do setor é de distribuir a responsabilidade da fabricação em estágios com vários níveis de terceirizações.

Isto demanda um alto grau de complexidade e de atenção necessário em tudo aquilo que compõe um único automóvel. Em conjunto com a distribuição de tarefas para a concepção de um automóvel, também surge a importância da divisão da responsabilidade quanto à conformidade.

São uma infinidade de peças com processos de fabricação únicos que são projetados pelas grandes marcas do setor, entretanto, a responsabilidade de conceber tais itens é distribuída a fornecedores que precisam entrega-los exatamente da forma que foram solicitados em projeto.

Fornecedores diferentes para um mesmo item precisam entregar peças idênticas. A forma para garantir a conformidade dos produtos e serviços de todos os terceirizados, em consenso com as boas práticas internacionais é a mesma. Todos precisam seguir as mesmas metodologias de padrões em seus processos.

O que é a IATF 16.949?

Mas afinal do que se trata a IATF 16.949? Quais são os seus requisitos?

A IATF 16.949 é um Sistema de Gestão da Qualidade para terceiros do setor automotivo. Seus requisitos, atualmente seguem o anexo SL, como padrão utilizado entre as normas ISO. Além disso, está imerça nos mesmos conceitos abordados como gestão estratégica, mentalidade de riscos, gestão por processos, etc.

A Norma, é composta por requisitos que complementam e especializam os requisitos da  ISO 9001:2015, para o setor.

Qual a importância da IATF 16.949?

A importância da norma IATF 16.949 se dá devido ao fato de que os resultados finais de uma montadora de automóveis são produto de uma série de etapas que são executadas sob uma série de responsáveis com uma variedade de procedência e fatores críticos envolvidos.

A norma traz consigo um arcabouço de conhecimento sobre o que precisa ser feito pelas organizações para que os produtos e serviços sejam entregues de acordo com o solicitado e necessário e que evitem ao máximo gerar futuros problemas.

Requisitos de operação dessa norma, tem uma grande carga de atenção na perfeita execução das atividades. Muitas ferramentas da qualidade e análises de risco, como o FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), aplicado em vários estágios da cadeia, foram consagradas por ter um histórico de benefícios incalculáveis.

Além de ser um requisito importante para a contratação de um terceirizado, para uma montadora, a IATF 16.949 reduz riscos dentro da organização do fornecedor.

Em contrato com seus clientes, é usual que em casos de recolhimento de produtos defeituosos, os chamados “recall”, os custos da operação, dependendo do caso, e dos resultados da investigação, cair inteiramente sobre os ombros do próprio fornecedor. Não são apenas custos de novos produtos para a reposição, mas também todos os custos de transporte, armazenamento, mão de obra para efetuar as trocas, e entre outros os custos da investigação sobre o problema.

Os riscos são reais

Para se ter ideia sobre o tamanho do problema, segundo o site Automotive Business, o caso “TANAKA” registrou um prejuízo para o fornecedor, de 440 milhões de dólares no trimestre, em consequência de uma série de recalls causada por um defeito nos airbags fabricados por eles.

Em estimativa da Reuters o número de veículos afetados por esse problema ultrapassa 12 milhões de unidades. O defeito no airbag pode fazer com que o mesmo não seja acionado em caso de um acidente, causando lesões em decorrência do impacto.

O dispositivo que foi projetado para a segurança, ao falhar, perde a sua característica de salvar as vidas dos usuários dos automóveis.

No Brasil, onde existe um campo muito vasto a ser explorado sobre a mentalidade da gestão da qualidade, uma norma como a IATF 16.949 nos traz mais segurança como consumidores finais, maior confiabilidade às montadoras e condições previamente estabelecidas que resguardam os direitos e deveres dos terceirizados, quanto a sua responsabilidade de fornecedor.

Fontes:

http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/20854/recalls-quem-paga-a-conta
http://www.mdic.gov.br/index.php/competitividade-industrial/setor-automotivo
https://www.bsigroup.com/pt-BR/ISO-TS-16949-Industria-Automotiva/

About IATF

Vitor Santiago

Como engenheiro sou movido a desafios. Escrevo sobre temas de gestão empresarial, como: TQM, ciclo PDCA, Six-Sigma e entre outras ferramentas gerenciais. Desenvolvo conteúdos que auxiliam empresas e gestores a alcançarem seus objetivos de curto, médio e longo prazo.