Existe muito conteúdo sobre empreendedorismo na internet. Com isso, decidi contribuir compartilhando as minhas crenças sobre este assunto maravilhoso em uma sequência de posts que publicarei aqui. Ao invés de publicar a lista de uma só vez, comentarei cada uma das características de um empreendedor. Para isto, citarei exemplos práticos, às vezes inusitados.
A proposta é sair da teoria ao máximo. Dar a você a oportunidade de refletir, comparar e promover as mudanças que quiser.
Para mim, empreendedor é: saber fazer acontecer; enxergar oportunidades em tudo o que o cerca; viver determinado a gerar bons resultados com seu trabalho; atrair talentos; criar um senso de direção único e realizador.
Parece exagero mas não é, o empreendedor avalia situações, problemas e oportunidades mesmo sem perceber que está fazendo isso, não importando onde esteja. Em casa ou viajando, num bar ou em um casamento, o espírito do empreendedor é inquieto, é transformador.
Essas pessoas possuem características particulares e peculiares, vou começar por aquela que considero a característica número 1: a resiliência.
PS: Assista aos vídeos na sequência da leitura, sua experiência será completa e muito melhor.
Como assim? Resiliência?
No dicionário, resiliência é a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças. Eu prefiro definir como a fonte inesgotável de tesão. A capacidade de superar qualquer adversidade em função de uma crença, de um objetivo.
A resiliência alimenta o prazer pela busca do sucesso. Não importa o quão dura seja a queda. O empreendedor de verdade se levanta e enquanto o faz, se reinventa, melhora, corrige o rumo para seguir em frente e evitar a mesma queda.
Nunca conheci ou ouvi histórias de empreendedores que não fossem extremamente resilientes. Esta característica está tão intimamente ligada ao empreendedor que é impossível pensar em um sem lembrar do outro. Desta forma, poderia citar inúmeras histórias de sucesso que só aconteceram após dezenas de tentativas de fracasso, mas, neste caso prefiro mostrar um exemplo mais inusitado.
Um exemplo extraordinário!
Como prometi rechear cada tema com exemplos, separei um muito especial que certamente vai mexer com você. A sequência de vídeos a seguir mostra um caso recente de David Coimbra, meu personal trainer. David é um atleta de alta performance, empreendedor, campeão em sua categoria, que levou a resiliência ao máximo no último campeonato em novembro de 2016.
O David é personal trainer autônomo em uma das maiores redes de academias do Brasil. Rotineiramente, trabalha entre 10 e 12 horas por dia.
Com muita disciplina, ele organiza seus treinos e dietas para manter a alta performance no powerlifting, modalidade de levantamento de peso que conhecerão nos vídeos. Vale destacar que o esporte é pouco conhecido no Brasil e, por isso, não patrocinado, o que exige dos atletas ainda mais trabalho e visão empreendedora, pois precisam bancar seus campeonatos que acontecem mundo afora.
O powerlifiting é uma modalidade de levantamento de peso em 3 exercícios que acontecem na sequência: Agachamento, Supino e Levantamento Terra. No campeonato, cada atleta tem o direito a 3 repetições “pedidas” em cada exercício e a somatória dos maiores pesos levantados indica o campeão da categoria que é separada por peso do atleta.
Como a resiliência aparece ao longo da Jornada do Empreendedor?
A preparação:
Todo empreendedor precisa se preparar. Não é salutar pensar que você terá sucesso conduzindo seus negócios se estiver mal preparado. Um empreendedor super resiliente e mal preparado vai levar muito mais tempo e gastar muito mais dinheiro para chegar lá. No caso do David a preparação foi meticulosamente cuidada, cobrindo todos os aspectos (físicos, psicológicos e espirituais).
Assim como o atleta de alta performance, o empreendedor precisa cuidar destes 3 elementos essenciais, que serão base de sustentação para as situações de resiliência.
A preparação do empreendedor passa pelo conhecimento detalhado sobre o que se está empreendendo aliado à prática, o desenvolvimento de um plano de negócios com um planejamento financeiro e pessoas certas para contribuir ao longo da jornada.
O dia do campeonato:
Depois de toda preparação e com o sentimento que tudo daria certo, David Coimbra embarcou para Orlando nos Estados Unidos para participar do campeonato mundial de powerlifting 2016. Um ano antes ele havia terminado o mesmo campeonato na Rússia em terceiro lugar.
Após alguns atletas ele é chamado para o primeiro movimento, o Agachamento, sua primeira pedida é de 345kg, David concorre na categoria de 93kg, tudo perfeito, movimento rápido e visivelmente fácil. Ele realmente estava preparado.
Onze minutos depois Davi volta para a segunda pedida, agora de 362,5kg.
Apesar do exercício ser o mesmo, exatamente aquele que ele havia feito com perfeição onze minutos atrás, o resultado é agonizante. O que aconteceu com o David, acontece todos os dias com milhares de empreendedores. Muitas vezes, aquilo que dominamos e fazemos tão bem, dá errado de uma hora para outra. Mas e ai? O campeonato acabou? A carreira se encerrou? Desistimos? Jogamos a toalha?
A Resiliência:
A resiliência só é percebida quando algo dá muito errado, é assim que funciona. E não é aquele errinho bobo não, são situações que te obrigam a retomar o fôlego, se reorientar e nestas situações passam muitas coisas na cabeça, muitas dúvidas ao mesmo tempo. O empreendedor de verdade, resiliente, com crença no resultado, vai sempre responder NÃO à todas as perguntas anteriores, chacoalha a cabeça e segue.
No caso do David, eu, que acompanhava o evento através de uma transmissão ao vivo, acreditei que ele pararia por ali, pois a lesão parecia grave demais. Seguindo o protocolo os organizadores o chamaram para a terceira pedida.
Obviamente, ele precisou abrir mão, encerrando assim as 3 pedidas do Agachamento. A essa altura se ele desistisse não seria vergonha alguma. Todos os apoiariam e tentariam conforta-lo.
Chegou a hora do supino, e ai?
Apesar do Supino ser um movimento que se faz deitado em um banco, utilizando o braço para empurrar a barra para cima, a região que o David lesionou (quadríceps) é muito requisitada no movimento pois mantém a base de apoio para o “empurrão” de 232,5kg. Quando o chamaram para a primeira pedida veja o que aconteceu:
Foi isso mesmo que você viu! Ele compareceu, fez o movimento correto, mas infelizmente houve um erro arbitragem, queimaram o comando para o início do movimento e anularam a pedida. Para um atleta em condições físicas e psicológicas normais isso já seria um baita balde de água fria, ele estava com uma lesão séria e ativou a resiliência 2.0.
Há essa altura do campeonato os aventureiros pulam fora. Pedem pra sair mesmo. Muitas vezes, ouço empreendedores choramingando, depositando a culpa dos problemas em tudo e em todos, no governo, no concorrente.
“Dica do tema: As coisas não vão ficar mais fáceis porque você deu com a cara no chão e se reergueu!”
Sete minutos depois, apenas sete, David é chamado novamente para “reerguer” o peso da primeira pedida:
Ufa, tudo certo dessa vez! Ao longo da jornada, mesmo para os mais resilientes, é fundamental as micro conquistas, elas reforçam a fé, ajudam a manter o propósito e aliviam um pouco a carga. Nestes momentos recomendo sempre que celebre o fato, comemore mesmo, não importando o tamanho da conquista, certamente alimentará sua alma.
Segunda pedida do Supino
Neste momento ele poderia abrir mão da segunda e terceira pedidas. Ele não seria desclassificado e pouparia energias para o último e mais desafiador movimento, Levantamento Terra. Entretanto, empreendedor com sangue no olho gosta de desafio, adora descobrir limites. Aumenta esse peso ai para 245kg e sai da minha frente!
Movimento feito à perfeição. Nesta altura a platéia já esboçava uma reação mais calorosa, o apoio vinha até de estranhos e dos próprios competidores.
Na vida empreendedora isso é muito frequente, o apoio que você quer de verdade é daqueles que estão vibrando com sua empreita, não o apoio daqueles que esperam tudo dar errado para “tentar consolá-lo”. Posso afirmar que: os resilientes não sabem o que é depressão, lidam com problemas de saúde com firmeza, equilibram as coisas com mais facilidade.
Resiliência 3.0
O terceiro e último exercício que David precisaria concluir para não ser desclassificado é o levantamento terra. Este exercício, favorito do David, é reconhecido mundialmente pela especialidade. Neste movimento, o atleta levanta o peso do chão até ficar completamente ereto e depois devolve-o a mesma posição. A força é bem distribuída pelo corpo todo mas as pernas são o alvo número 1.
O cara é louco, machucado vai para a primeira pedida com 300kg. Além de não ter realizado o movimento, ganhou uma nova lesão, agora no adutor. Aqui eu tinha certeza que ele pararia.
Será exagero, quando devemos parar? É isso mesmo que acontece em nossa vida empreendedora, às vezes parece que há um buraco dentro do próprio buraco. Às vezes vem aquele pensamento: será o momento de parar? estou fazendo as escolhas certas? Quando a crença é maior que a adversidade chacoalhamos a poeira e seguimos em frente.
Tentativa número 2, os mesmos 300kg
Nova técnica, nova falha, nova frustração. O fim estava próximo. Só restava uma tentativa para o fim desta odisséia que já não tinha como meta uma medalha, não tinha recompensa em dinheiro, apenas uma fé imensa e uma obstinação por um resultado, chegar ao final do campeonato sem ser desclassificado. Será que tem espaço para uma resiliência 4.0??
Sucesso! Uma nova abordagem era o que restava, concentração e muita força para levantar os 300kg com toda a dor que sentia dos dois músculos rompidos. Magicamente o Davi conquista o sexto lugar na competição, ficando à frente de outros 7 colegas que competiram em condições normais.
Depois do sacrifício sempre vem a glória, o alívio, o sentimento de dever cumprido. É aqui que surge a calmaria que o empreendedor também precisa para conseguir dar o próximo passo.
As consequências:
Chegando ao Brasil, ainda com dores o David se consultou com um especialista que apresentou duas opções: Evitar uma cirurgia e se aposentar ou operar e continuar a busca pelo primeiro lugar.
O cara é um monstro! Desde de 2015 traz a palavra resiliência tatuada no braço após ter passado por situações profissionais e familiares que o fizeram se reinventar para continuar crescendo.
Davi escolheu o caminho de menos conforto. Submetido a uma cirurgia de 2 horas, ganhou um par de muletas por 30 dias, 11 pontos, 6 meses de fisioterapia e uma cicatriz para o resta da vida e uma história emocionante para contar para os netos.
O caminho do empreendedor resiliente sempre será recheado de cicatrizes e histórias. No final nos fortalecemos adquirindo conhecimento e experiência prática. Cada exercício de resiliência nos colocamos mais próximos de nosso objetivo. Mantenha a fé inabalada e nunca deixe de registrar os aprendizados. Não se influencie negativamente pelos outros e siga em frente. No final das contas sabemos que empreender não é para qualquer um não!
Se você se interessou pelo campeonato e quer assistir o vídeo oficial, clique aqui.
Excelente o texto
Excelente matéria!!! Adorei!! Um ótimo exemplo usado prz incentivar a vida de um empresário!
Que história fascinante!! Realmente é disso q precisamos. É o David é um cara diferenciado e motiva tds q o conhece. Parabéns pela repostagem.
Eu conheco esse cara e mto, sempre mto aplicado e no limite. Desde mto pequeno queria vencer desafios, ate nas bricadeiras mais simples, como jogar pedras em uma lata, fazer gol olimpico ou mergulhar em um piscina p catar pedras no fundo em menor trmpo. Todos da familia daqui te apoiam e sao seus de carteirinha. Vc é o nosso heroi. Obrigado por vc ser nosso.
Agradeco de coracao sua familia dai de Campinas. Sao show.
Espetacular, Motivador, exemplo a ser lembrando nos momentos de extremas dificuldades que passamos…
fantástico, acompanhei muitos empreendedores nas suas batalhas diárias, como Consultora de empresas. Este realmente é a tesão latente que os move ao sucesso.
Igor,
Inicialmente quero parabenizá-lo pela iniciativa do trabalho da “série empreendedor de sucesso”
Em segundo lugar, sobre o primeiro exemplo utilizado onde esteve presente a “resiliência”, foi realmente muito instrutivo.
Estou ansioso pelos próximos casos demonstrativos a serem utilizados.
Grande abraço.
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