Impossível não se deparar com inovações e disrupções nos dias de hoje. As soluções modernas e novos modelos de negócio já são experimentados por todos.
Startups brotam aos montes e nunca foi tão barato, tão rápido tirar uma ideia do papel. Do dia para noite conseguimos contratar um indiano que entregará o aplicativo sonhado duas vezes mais rápido por metade do preço. É provável que sua empresa cresça e às vezes mais rápido do que você imaginou e sempre que isso acontece o caos é certo.
Observo este movimento e me pego pensando se nós empresários estamos acompanhando as mudanças na velocidade certa.
Vejo um grupo de “startupeiros” com boas idéias, bons produtos e que entendem muito pouco de gestão. Do outro lado há um grupo de empresas mais maduras que parecem fazer força para manter o status de tradição e ousam pouco no modelo de negócios e ambiente de trabalho. Transitando nesses grupos está uma massa de empregados procurando o melhor lugar para trabalhar. Nas recentes entrevistas que fiz constatei que o salário e benefícios já não são mais a maior isca, a galera quer dedicar tempo para empresas com propósitos claros e com ambiente motivador.
Sem muita novidade até aqui e talvez você esteja se perguntando o que isso tem haver com organograma?
Tudo!
Para mim o organograma é uma peça fundamental na cultura de uma organização, ele deve traduzir a pegada, direcionar comportamento e encorajar pessoas. Mas isso não acontece em 90% das organizações que seguem o velho playbook de administração e muitas vezes fazem por fazer, quando fazem.
O famoso organograma vertical, clássico ou funcional tem sua função, mas gosto de restringi-lo no quesito de esclarecer a hierarquia e organizar o ambiente, evitando cabeçadas por falta de comunicação ou falta de conhecimento dos empregados no dia a dia. Ajuda a entender rapidamente o fluxo de informação.
O Fato é que este tipo de organograma sozinho pode engessar a empresa e retardar as decisões, sem o trabalho árduo de alguém na cultura este organograma basicamente força o empregado a olhar para cima, para o “chefe”, buscando apoio para decisões. Dependendo da decisão o “chefe” olha para cima, procurando seu “chefe” e assim consecutivamente. Esse é o estrago que uma simples imagem pode causar.
Uma nova abordagem para algo não tão novo assim!
Nas minhas empresas jogamos fora o organograma funcional e adotamos o radial mas fazendo mudanças “poéticas” no conceito.
Usamos a ideia orgânica que ele propõe, mais do que o conceito ipisis literis. Nosso organograma passou a ser tão importante que o referenciamos em quase tudo o que fazemos. Veja a imagem abaixo e entenda a forma como ela deve ser lida no texto em seguida. Transcrevi aqui o que digo para meus funcionários.
Deixa explicar cada camada:
- No centro do organograma, o cliente. Ele é o centro de nossas atenções, é por ele que existimos e que tudo fazemos;
- Na camada seguinte você encontrará os sócios e líderes da empresa, nossa função é definir estratégias e as regras de negócio para lidarmos com nossos clientes e promover o crescimento da organização;
- A próxima camada é o Rh. Em nossas empresas não acreditamos que a gestão de gente é função de um departamento específico e sim de todo e qualquer líder;
- Na quarta camada você encontrará os departamentos que formam nossa organização, por aqui não discutimos qual é mais importante, estamos lado a lado fazendo sempre o melhor para nossos clientes.
- Por último você encontrará todos os nossos valores e eles estão aí para lembrá-lo que você pode e deve tomar qualquer tipo de decisão desde que ela seja em prol de nossos clientes, não fira as regras de negócio e jamais fira nossos valores.
Na prática a cultura em torno desta imagem facilita muito a gestão das pessoas. Em geral, reduz as dúvidas corriqueiras do dia a dia em 3 perguntas:
- Isso que você quer fazer beneficia de alguma forma nosso cliente?
- Fere a estratégia ou alguma regra de negócio?
- Fere algum de nossos valores?
Se a resposta for Sim, não e não – Vá em frente sempre!
Esta é a transformação que uma simples imagem pode causar! Esta conexão com os valores e regras de negócio arrebenta! É a partir daí que vem o ambiente, que vem todo o resto. É aqui que está o grude, a liga, o alicerce para estabelecer tudo o que precisa.
A transformação e atitude que queremos das pessoas não acontecem do dia para noite, é claro que há resistência.
A construção da cultura de uma empresa é resultado de dedicação diária, anos a fio. Deixo aqui meu depoimento como empresário. Cada dia que passa tenho mais certeza que o caminho que escolhi vale a pena, minhas empresas estão crescendo com uma cultura forte que empodera o nosso time, empurra todos para decidir o melhor para a empresa e para o cliente e faz com que todos olhem para o centro das atenções e não para cima buscando o respaldo de alguém que provavelmente buscaria mais respaldo olhando para cima também.
E aí na sua empresa, como abordam este assunto?